segunda-feira, 26 de março de 2018

Como atravessar uma ponte em ruínas?

Imagem the man and the bridge-Stanley Creation

Imagine se temos que atravessar uma ponte de madeira antiga, daquelas que vemos nos filmes de aventura como Indiana Jones ou Tomb Raider. O clichê hollywoodiano estabeleceu um padrão para esse tipo de ponte, são construídas geralmente com duas cordas ou mais em cada extremidade da ponte, ou somente vigas de madeira se decompondo. A base da ponte, onde podemos caminhar, é construído com peças de madeira. Como essas pontes são geralmente centenárias, as madeiras se desprendem com o tempo e a ponte fica cheia de lacunas que obviamente eleva a adrenalina de quem tenta atravessá-la.

Vamos atravessar nossa ponte velha. Qual a melhor forma de atravessar essa ponte? Claro que o quão longe das extremidades você puder ficar, melhor para você. Se você permanecer por muito tempo na esquerda ou na direita mais próximo da queda você estará. As madeiras que se desprenderam da ponte criaram lacunas no caminho tanto da esquerda quanto da direita, portanto, você terá que usar de sua sabedoria para pisar onde ainda há madeira para suportar seu peso.

Obviamente que o centro do caminho também teve perda de madeira. Ou seja, em alguns momentos você terá que se desviar pela esquerda ou pela direita, e sua decisão será tomada simplesmente e de forma lógica, pelo lado onde estiver melhor para você caminhar.

Podemos dizer que é preferível caminhar sempre pelo centro da ponte, mas haverá situações onde teremos que escolher o caminho da esquerda ou da direita, caso não tenhamos nenhum apoio sólido no centro. Mas, mesmo assim isso ocorrerá somente enquanto houver uma madeira forte o bastante para suportar nosso peso.

Se em algum momento estivermos muito na extrema esquerda da ponte buscaremos intuitivamente sempre voltar para o lado contrário, assim nossa travessia será mais segura. E vice-versa, se eu estiver na extrema direita, a esquerda sempre parecerá mais segura, mas somente nos sentiremos mais seguros nessa travessia, quando estivermos caminhando no centro da ponte.

Notem que essa travessia não é uma questão de defender um lado ou outro, mas sim uma questão de qual lado me proporciona uma melhor solidez para me manter vivo. Em um mundo onde as pontes eram novas e dispunham de todas as madeiras necessárias, as pessoas que ali caminhavam, tinham o conforto de escolher um lado, por maior conforto, comodidade ou simplesmente por preferência supersticiosa, você encontravam solidez em qualquer ponto da ponte, mas hoje as pontes estão em ruínas e não há um caminho sólido e contínuo para que você consiga atravessá-la, mesmo que você ande por um tempo pelo centro, deveremos eventualmente optar por um dos lados para nos manter caminhando.

Não há uma questão moral em se posicionar mais à esquerda ou mais à direita, é uma questão de tomar a decisão mais sábia na hora de atravessar a ponte em ruínas.

Claro que podemos concertar as lacunas das pontes para que ela se torne segura para você caminhar sempre ao centro, mas remendos são sempre provisórios e podem causar outros danos imprevistos. A solução seria construir pontes novas e mais seguras, mas se isso for feito, a esquerda e direita da ponte ainda estarão próximos da queda, e o centro será ainda o caminho mais sólido.

    André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens Populares